Captando a Magia do Universo

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terça-feira, 12 de julho de 2016

Casal surdo adota cachorro com a mesma deficiência






Gaspar Scangarelli, de 34 anos, é professor de Libras (Língua Brasileira de Sinais) na Ulbra, e surdo. Sua surdez foi herdada dos pais, assim como sua irmã. Desse modo toda sua família tem a mesma deficiência, pai, mãe, irmã e esposa. Ele sempre brincou com essa questão dizendo que até o cachorro era surdo em sua casa, mas não imaginava que realmente iria encontrar um cão com a mesma deficiência.

Alemão é um cão SRD (sem raça definida), de porte médio, que estava abrigado em um canil de adoção, mantido pela prefeitura de São Leopoldo/RS. Uma amiga de Gaspar viu uma publicação na rede social Facebook anunciando que o animal estava para adoção e resolveu marcar seu amigo. Na foto publicada havia uma descrição alertando que o cão havia sido devolvido 5 dias após ter sido adotado. A queixa era que ele não obedecia ordens.

O obrigo suspeitou que o cachorro não ouvia, por isso não respondia a nenhum comando, mesmo assim a família que o adotou não o quis mais. Gaspar e sua esposa, Vanessa Herter, de 35 anos, são completamente apaixonados por cachorros e se encantaram pela história de Alemão. Em seguida o buscaram e o levaram para casa, em Porto Alegre/RS.

Alemão ganhou uma amiga, chamada Pretinha, e a companhia de duas crianças, filhos do casal, que são Felipe de 4 anos e Caetano de 11 anos. Pretinha e os meninos não possuem deficiência auditiva. Na rotina da família a surdez de Alemão foi testificada.




Quando a campainha tocava, Pretinha pulava do sofá correndo e ia até a porta. Enquanto isso, Alemão permanecia no sofá, sonolento. O mesmo aconteceu com todos os tipos de barulho vindos da rua; enquanto Pretinha latia e pulava, Alemão agia como se nada estivesse acontecendo. O veterinário que o examinou afirmou que cães albinos, como ele, são mais propensos a terem surdez. Porém Alemão consegue captar sons mais intensos, não sendo totalmente surdo.


Gaspar, que domina a língua brasileira de sinais, assim como toda sua família, tratou de ensinar a Alemão alguns comandos através de sinais feitos com as mãos. Para chamar a atenção dele, seu dono faz um “L” com o dedão e o indicador, apoiando na testa. Desse modo o cachorro entende que pode ter feito algo errado.

Quando seus tutores roçam os dedos nos ombros Alemão já entende que vai passear, mas aparecer com a coleira também já é suficiente para que ele entenda. Para fazê-lo sentar é preciso colocar os dois dedos da mão direita sobre os da mão esquerda. Assim, o cão responde perfeitamente aos comandos sem nenhum problema.




O sonho de Gaspar era ter um cachorro surdo como ele. Com o sonho realizado, ele acredita que Alemão se sente bem entre as pessoas com a mesma deficiência. Ainda declarou que é apaixonado por seu cãozinho surdo.


Caetano, o filho mais velho do casal, relatou que quando recebe amigos, todos estranham a atitude do cachorro, pois ele não reage a estímulos sonoros como Pretinha. Ele mesmo estranhou a ideia de ter um cão surdo em casa, mas viu que ele pode ser companheiro, brincalhão e amoroso como qualquer animal. Assim, sua deficiência não apresenta nenhum empecilho para ter uma convivência normal em família.



Saiba como identificar surdez nos cachorros

Simone Thomé, médica veterinária, afirma que os animais não passam por exame de audiometria para identificar surdez, como nos seres humanos. A identificação da deficiência nos bichos é feita através de exames clínicos, onde eles passam por análise de respostas a estímulos sonoros. Assim, a surdez é identificada de acordo com o comportamento do animal.


O nível dessa deficiência é bem difícil de identificar, pois não há como mensurar através de exames precisos, como na audiometria. Por isso, faz parte do diagnóstico a observação dos donos do animal no dia-a-dia, vendo sua reação aos barulhos, ruídos normais do cotidiano e comandos.

De acordo com o médico veterinário André Dal-Farra, os animais de cor branca tem maior propensão a apresentar surdez, como no caso de Alemão, que é albino. Além disso há outros indícios que pode ajudar as pessoas a identificar problemas de audição nos cachorros.

Quando ele não recebe as pessoas na porta, não responde a alertas e ruídos como os outros cães ele pode ter algum problema. É importante considerar se o comportamento do animal mudou. Alguns apresentam problemas de nascença, outros desenvolvem ao longo da vida, por isso qualquer mudança de atitudes deve ser considerada. Se ele respondia bem aos estímulos sonoros antes e agora nem tanto o problema deve ser investigado. Isso não é suficiente para detectar a deficiência auditiva, é preciso levar a um médico veterinário para avaliação para ter certeza.

O primeiro indício que deve levar a pessoa a investigar melhor é o fato dele não responder a estímulos sonoros que qualquer cão responderia, já que os cachorros ouvem quatro vezes melhor que as pessoas. Faça testes como bater palma forte ou usar brinquedos sonoros quando ele estiver dormindo para ver sua reação. Use o molho de chaves e o chame para passear e veja se ele reage com indiferença.

Esses são apenas testes caseiros que podem indicar algum tipo de problema auditivo, mas para ter certeza é sempre recomendado que você relate sua observação ao veterinário, pois só ele irá responder com certeza se seu cachorro está surdo.

Lembre-se que isso não é impedimento para que ele tenha uma vida normal e saudável, pois pode continuar a transmitir carinho e companhia à família como qualquer cão. Assim como Gaspar, o dono pode usar outros recursos de comando para que o cão obedeça, não sendo necessariamente através de estímulos sonoros. Por isso é recomendado que se use comandos visuais.

Muitas cachorros se apresentam apáticos, dormem demais, se mostrando cansados para brincar. Isso pode ser indícios de outros problemas que devem ser investigados. Lembre-se que esse artigo é meramente informativo, sendo sempre necessário a consulta de um profissional qualificado para diagnósticos e tratamento.




Como cuidar de um cão surdo

Um cão pode nascer surdo, não ouvir por bloqueios em seu canal auditivo causados por cera em excesso e até desenvolver a surdez em função da genética. Algumas das raças mais belas que existem, como Dálmata, Boxer, Border Collie e Akita possuem uma grande predisposição para a surdez, o que não significa, é claro, que todos os cães destas raças ficarão surdos um dia.


Criar um cão surdo é perfeitamente possível, ao contrário de informações imprecisas proclamadas ao longo dos anos de que estes animais são agressivos em demasia e não conseguem aprender o que lhes é ensinado.



Um cão surdo precisa de cuidados como qualquer outro animal perfeitamente saudável. Estes precisam é de atenção redobrada quando saem para passear, uma vez que caso escapem da coleira não poderão voltar quando chamados e até serem atropelados em função de não escutarem o barulho emitido pelos veículos. Além disso, os cães surdos precisam ser treinados na base dos sinais. Um cão adulto pode aprender até cinquenta diferentes sinais e ao identificá-los, inclusive na expressão facial de seus donos, poderão exercer os mais variados comandos.

Se o cão surdo viver do lado de fora da casa, é ideal que os muros não sejam baixos, visto que podem escapar facilmente e para chamá-los de volta é complicado. É importante, portanto, que o animal seja identificado com uma plaquinha presa à sua coleira contendo seu nome, telefone e a palavra surdo.

É ideal ainda que o cão surdo sempre saiba quando você estiver por perto e que quando for ser acordado isto aconteça de forma tranquila e delicada, sem sustos.




Caso você perceba que seu cão não atende quando é chamado ou se vira na direção errada quando isto acontece, balança com frequência a cabeça, dorme em demasia e só acorda quando alguém encosta nele e só atende aos chamados quando de frente para você, leve-o ao veterinário, que com simples testes poderá identificar a surdez. Uma vez confirmada a deficiência auditiva será preciso paciência, força de vontade e muito amor pela frente.



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